terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Um país dum qualquer 3º mundo...
Moro no Algarve,  na periferia de Faro. Não é propriamente um recanto remoto de um interior mais remoto, é numa região turística e  nos arredores da "capital" da região, que até tem uma Universidade. Pois estive quase duas semanas sem internet, devido a uma avaria na zona. Todos os dias telefonava para o apoio ao cliente da MEO e a resposta era sempre a mesma : identificamos uma avaria na sua zona e estamos a tratar de resolver no mais curto espaço de tempo. Depois de contactar a opção automática de atendimento lá continuava a voz robótica a dizer que seria contactado  dentro das próximas 48 horas - o que, obviamente,  nunca aconteceu. Escrevi uma carta zangada para a Administração da MEO em que explicava que há vários anos se sucedem avarias destas porque a empresa não investe nem no tal "quadro" que distribui para toda a rede da zona, assim como não investe na substituição dos cabos que cá existem há 30 anos, cabos de um tipo que já deixou de ser usado, quebradiço e proporcionando cortes frequentes. Recebi então um telefonema de Lisboa a perguntar se eu  estaria em casa nessa tarde para atender os mecânicos que vinham resolver o assunto. E nessa tarde, tendo finalmente  substituído o tal cabo ( 200 m...), o problema ficou resolvido, o que podia ter sido feito um ror de dias antes e até  vários anos atrás.  Então isto não é tratar a nossa gente como se  estivéssemos num  qualquer 3º mundo ?!!

A espuma dos dias
Retomei a escrita do blogue, e não faltam assuntos que bradam aos céus. Mas só abordo hoje dois assuntos.
1- As greves  - Nunca houve, que me lembre, qualquer Governo que tivesse  congregado contra si tanta greve em tão curto espaço de tempo. E seria bom que o Governo reflectisse neste facto, mas também quem está por trás das greves.
Os partidos da esquerda, em especial o PCP e o BE, que movimentam a maioria dos sindicatos, deveriam pensar no seguinte aspecto :  se o direito à greve é indiscutível, e toda a gente o está sempre a reafirmar, o facto de ocorrerem greves em praticamente todos os sectores da vida nacional,  por tanto tempo e causando prejuízos graves  não só à economia como ao dia-a-dia das pessoas, começa a gerar um sentimento de estarmos todos  fartos deste clima de instabilidade. É que no Governo anterior de direita houve greves mas nada que se compare  com o que acontece agora - então um Governo que se apoia nos partidos da esquerda é mais contestado que o anterior? Pode ser que isto acabe por uma boa parte da população de eleitores que não são fixos partidariamente possa ficar realmente farta e nas próximas eleições vote maioritariamente na direita.  É que há limites para tudo e a estratégia eleitoral dos partidos da esquerda não deveria toldar a capacidade de ver em frente e perspectivar o que pode acontecer...
Também há greves de sindicatos de direita, caso dos enfermeiros dos blocos operatórios públicos, pequenos sindicatos formados apenas há para aí um ano ou pouco mais, quando já estava em função a geringonça de esquerda... E a Ordem dos Enfermeiros, que estimula as greves destes dois sindicatos, tem como Bastonária uma  activa militante do PSD, contrariando a posição que as Ordens devem ter em não se misturarem com os sindicatos. Em democracia nada demais que haja sindicatos de direita ou de esquerda e que  todos possam exercer os mesmos direitos, incluindo o de greve, mas até este aspecto merece noutra altura uma reflexão.
Já na Ordem dos Médicos o Bastonário, que não sei a que grupo partidário pertence, aparece normalmente em conluio com o Sindicato Independente dos Médicos, que é de direita, embora também lá tenha, ao que parece, médicos do lado do PS. Não me lembro de o ver aparecer ao lado de sindicalistas de esquerda...
O mais grave na greve dos enfermeiros é que estão  a manter a greve sem perderem pagamento dos dias, graças não a um legal  Fundo de Greve que alguns sindicatos possuem, mas a um peditório na Internet mantido  por anónimos - isto abre a porta a todas as suspeitas, até que hospitais privados estejam a contribuir para a greve nos hospitais públicos, porque as cirurgias que não se realizam têm de ser reenviadas para os privados. Pode ser um negócio. O peditório é aceitável mas com a clareza de quem é que está a dar aquele dinheiro para que os enfermeiros se aguentem  em greve sem perderem o pagamento. Estranho, não é?

2 - Queda de helicóptero do INEM -  Merece um profunda reflexão o que aconteceu com a queda deste aparelho e a morte dos ocupantes. Como é que um piloto muito experiente voa tão baixo, com tão mau tempo e embate numa antena ?  Se a antena estivesse iluminada. e quem é que agora vai garantir que estava ou que não estava -  custa a crer que o aparelho fosse embater nela.
Quantos mais casos destes haverá por este país fora?








domingo, 25 de novembro de 2018

A   espuma  dos   dias
A espuma dos dias refere-se àquelas pequenas ocorrências que muitas vezes escondem problemas sérios da nossa vivência nacional ou internacional.

1 - A penúria portuguesa  - Há um caso que ilustra bem a penúria que se vive em Portugal, num problema que tem sido tratado apenas no plano da ética. Refiro-me à prática de alguns deputados de marcarem presença no Parlamento sem lá estarem; para além do aspecto, que é o mais focado, de ser  uma ilegalidade cometida precisamente pelos agentes dum órgão de Poder que regula a legalidade da vida democrática portuguesa,  na casa que é o cerne  da nossa democracia, há outro aspecto que eu chamo de revelador da penúria em que vivemos. É os deputados serem levados a esta aldrabice para não perderem o direito à senha de presença que não chega aos 70 €  !!  Com franqueza, tal é a "fome" e o desejo de  ganhar os tostões todos que for possível, que leva deputados a cometerem esta pequena falcatrua... E deve ser prática já antiga, que só por azar agora foi descoberta, e conspurca todos os deputados mesmo aqueles que nunca usaram este subterfúgio.

2 - A tragédia da estrada de Borba  -Era uma tragédia anunciada, só que sem data marcada. E ilustra bem a forma como funcionam muitos dos serviços do Estado e das Autarquias.
Se há por lei uma distância de segurança ( 30 m,  50 m ?) entre os limites da exploração das pedreiras e a berma das estradas que passarem perto, como é que durante décadas  se deixou que os limites destas pedreiras se encostassem à própria berma da estrada? Não foi de um dia para o outro que as pedreiras foram exploradas até mesmo à berma - então e as visitas anuais ( pelo menos...) de inspecção oficialmente obrigatórias a efectuar pelos Serviços competentes nunca detectaram a aproximação  cada vez mais evidente dos abismos a ladear a estrada ? E as duas Autarquias que são ligadas pela estrada nunca fizeram nada nem foram capazes de impor ao Estado uma intervenção ? E deixaram avançar as explorações ?
O último memorando a apontar a gravidade da situação ao que parece data de 2014, mas agora quer o CDS quer o PSD vêm bradar que o Estado falhou. E quando estavam no Governo em 2014 o que é que fizeram para colmatar a deficiência? Desfaçatez não lhes falta, mas o Governo da geringonça também já devia conhecer esta  situação e o que é que fez para resolver o caso da estrada de Borba?

3 - A tragédia da Síria -  É uma vergonha há demasiado tempo a prolongar-se num século que devia ser de  civilização, cultura e dignidade humana. 
Mais uma vez um dos lados do conflito voltou a atacar com gases tóxicos a população indefesa, e qualquer das partes acusa o outro de o ter feito. A Europa, que ajudou a despoletar o conflito,  comodamente acusa a Rússia ( que já nos habituou a actos de terrível carnificina) de ter feito o ataque, a Rússia acusa os aliados da Turquia, outro país que para actos de barbaridade não precisa de mais pergaminhos, e entre trocas de acusações  a dor, a morte, o sofrimento de centenas de pessoas continuam a ser discutidos nos comunicados oficiais. A ONU  não é por ter à frente  um  António Guterres  que faz seja o que for. 
É esta a Humanidade ocidental do século XXI.










quinta-feira, 8 de novembro de 2018

A espuma dos dias
1 - A ética dos deputados  - E depois admiram-se que cada vez mais pessoas duvidem da democracia e queiram soluções autoritárias.
Custa a acreditar que alguns deputados, de quase todos os Partidos ( mas não todos..,), sejam capazes destes pequenos jogos sujos de enganar a Assembleia da Republica, no que se refere à sua residência, para ganharem mais uns eurositos de ajudas de custo !! Ou faltarem e terem alguém que pica o ponto por eles. É bem um sinal da penúria deste país e da falta de ética de tanta gente que quer subir na política e , como não têm outro meio de ganhar a vida, porque nunca fizeram mais nada nem sabem fazer mais nada, agarram o lugar de deputado para sobreviverem na mediocridade e procuram esmifrar o mais que podem. Escusam de vir com desculpas esfarrapadas, ainda torna mais ridícula a situação..
2 - A fantochada de Tancos - Já não se pode mais ouvir falar das armas roubadas e parcialmente repostas de Tancos, e da exploração que sobretudo os Partidos da direita, com especial realce para os trauliteiros do CDS e a sua insuportável "Chefa", têm feito, pois pegar em casos escabrosos, mesmo que merecessem estar no segredo o tempo que fosse preciso para o resolver, não encaixa naquelas orientações de direita radical.
E têm procurado envolver o próprio PR, Marcelo Rebelo de Sousa, no encobrimento do que se terá passado, pois para a direita mais reaccionária que o CDS representa até este PR não serve - embora hipocritamente digam o contrário, não senhor, o PR é o único que tem falado verdade e, patati - patata...  Mas ainda bem que esta direita se mostra, antes assim que estar encapotada, e pouco lhe falta para desabafarem claramente e dizerem  Viva Bolsonaro!!

Enviei a dias o texto seguinte para o jornal PUBLICO, com poucas esperanças de que seja publicado, Aqui pelo menos vai ver a luz da estampa na internet

A ESQUERDA OU  É ECOLOGISTA OU NÃO É ESQUERDA

A grande inovação ideológica surgida sobretudo a partir do último quarto do século XX foi a das preocupações ambientais resultantes dos avanços da ciência da Ecologia.
Desde sempre  o ecologismo e o Ambiente , mais ou menos extremados conforme quem os assume , foram adoptados pelas forças políticas progressistas; mas ainda hoje há quem defenda que as alterações climáticas são apenas fruto dos ciclos do planeta – são os mesmos que dizem terem acabado as ideologias de esquerda e direita, só existe a ideologia  dominante que é a “realidade” ou seja o  mercado.
Na Europa depois da 2ª Guerra Mundial acentuaram-se as ideologias democráticas de esquerda – seja o socialismo democrático ou social democracia, seja a “esquerda” da direita que é (era…) a democracia cristã. Ambas nasceram como reacção quer ao marxismo quer ao liberalismo que nos finais do século XIX se confrontavam e impunham ditaduras, fosse a do proletariado fosse a do deus dinheiro do laissez faire, laissez passer.
Os ideólogos da social democracia, desde os do socialismo utópico até aos das diversas variantes que se desenvolveram e a democracia cristã saída da Igreja depois da Encíclica Rerum Novarum, procuravam sistemas de maior protecção social e de mais justiça democrática, sem pôr em causa os pilares essenciais da liberdade e da democracia. Mesmo países de maioria religiosa protestante acataram as propostas da democracia cristã, coisa que hoje nem os mais fervorosos católicos ( pelo menos no discurso) já acatam, rendidos como estão aos cantos de sereia do liberalismo.
As preocupações ambientais passaram a fazer cada vez mais parte das propostas que se orientavam por aquelas ideologias; mas  sobretudo a esquerda  socialista e social democrata assumia-as com maior empenho.
A erosão que se verifica na esquerda democrática de alguns anos a esta parte, e a cedência da direita democrática cada vez mais aos ditames  do liberalismo financeiro, têm tido como  consequência o crescimento de franjas ideológicas  : por um lado a extrema direita que ganha terreno , por outro lado o realce cada vez mais notório de partidos ecologistas ou “verdes”, que se podem dizer de extrema esquerda.
A perda de importância própria nos partidos social democratas europeus ( com maior gravidade na Alemanha mas um pouco noutros países) resulta a meu ver de não terem sabido actualizar a sua ideologia e,  entre outras causas, aos problemas ambientais e ecológicos contemporâneos.
A experiência governativa de esquerda ensaiada em Portugal, para além, de ser um espécie de alerta para a Europa de que é possível governar à esquerda, tem tido , entre outros, como grave deslize. a perda da sua sensibilidade ambiental e ecologista.  A Política de Ambiente, aceites como foram, sem pestanejar, as alterações institucionais  concretizadas pelo último governo de direita, perdeu toda a sua capacidade de intervenção global e transversal nos sectores da economia. É inevitável ter de  voltar a falar no descalabro da política florestal, mas também a defesa que o Ministério do Ambiente chegou a fazer da continuidade da  exploração petrolífera no Algarve, a condescendência face á poluição provocada pela industria da celulose no rio Tejo e, como denunciou o Prof. Jorge Paiva, no mar da zona da Leirosa, o ajoelhar face á continuidade da central nuclear de Almaraz, o caos nos Parques Naturais com uma organização ineficaz, a junção do ICN com as florestas ao encontro dos desejos especulativos da floresta industrial e da actividade urbano-turística, etc, etc- é só um pedaço da longa lista de ineficácias.
Esperava-se que a actual  governação de esquerda assumisse uma política ambiental e ecologista condigna com  as ideias mais  progressistas , não tanto  pelo PS que nunca foi ambientalista, mas pelos partidos de esquerda que o apoiam –afinal nem se fala dessas matérias, todos ficam indiferentes  à falta de políticas que garantam a perenidade, isto é, sustentabilidade do território.
E uma esquerda do séc. XXI que não seja ecologista não é esquerda.
Fernando Santos Pessoa, arq.ºpaisagista
31-Out-018

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

A espuma dos dias
      Estive uns dias ausente, e regressei  com os mesmos  assuntos na ordem do dia.
1 - A fantochada ridícula - Este é o título de uma crónica de Ricardo Araújo Pereira na revista Visão, e é com a devida vénia que a utilizo aqui, pois trata-se de uma das melhores crónicas  políticas humorísticas que já se escreveu. Assunto: a fantochada do roubo, assalto, brincadeira, dêem-lhe o nome que quiserem,  das armas de Tancos. Não se consegue entender e creio que jamais alguém acredita que se virá a saber a verdade completa sobre tão abstruza ocorrência.
Uma coisa é certa e eu dei esse exemplo quando ocorreu o desaparecimento do armamento e munições dos paióis : eu também comandei uma Companhia, em tempo de guerra, uma companhia independente, sem batalhão, dependendo directamente do Brigadeiro comandante do Sector. Tinha, como é de calcular para uma unidade de intervenção como era a que eu comandava, um paiol  bem recheado; se houvesse um assalto, um roubo, um incêndio, enfim, qualquer ocorrência no paiol da Companhia quem, era o grande responsável? Era o Brigadeiro ou era eu ? Claro que tinha uma cabo quarteleiro e um sargento responsáveis pelo funcionamento do paiol, mas a responsabilidade maior era minha. Ora a Companhia ou Companhias de Tancos que tinham a seu cargo os paióis  tinham Comandante - esse é que é o responsável pelo que sucedeu. Se não tinha meios suficientes declarava isso por escrito, assumia frontalmente que não podia garantir a segurança dos paióis ; se isso foi  feito e o superior hierárquico  não resolveu  o assunto, a culpa sobe para este, e assim por ali acima. É muito provável de superior para outro acima todos tenham deixado à balda o assunto, e só isso pode explicar que os capitães comandantes das Companhias não tenham sido severamente punidos ( ou davam com a língua nos dentes...)Agora fazer de conta que não há responsáveis directos é mesmo uma fantochada!

2 - O livro das memórias de Cavaco Silva -  O Ex-Presidente que tem sempre razão e quase nunca se engana resolveu deitar cá para fora mais um livro de azedas memórias com que deve passar os dias a remoer. Bastou ver aqueles esgares na sessão de apresentação do livro, aquela boca retorcida, o olhar turvo, para nos voltarem à nossa memória aqueles tristes anos em que tal figura foi Presidente. Ainda muita gente se admira como é que os americanos conseguira eleger um Trump - então e nós não conseguimos eleger e reeleger um Cavaco? Diz ele que faz História ao contar aqueles reuniões com o então Primeiro Ministro Passos Coelho e depois com António Costa, ao ponto de fazer comentários ao comportamento de ambos. História ?- qual quê,  é um acto reles, denota total falta de sentido de Estado. Faz depois comentários ao que o PCP e o BE poderão ter dito e feito  para entrarem na coligação com o PS, mas é a palavra dele  apenas, não há provas de que as entidades citadas tenham dito aquilo, não há contraditório. 
Basta ler as transcrições que vieram na comunicação social para se ficar, mais uma vez, com a noção da pequena dimensão desta personagem, qual múmia paralítica, que ainda aparece de tempos a tempos para mostrar que está vivo. Pobre criatura - e pobres os que têm que o aturar!

3 - O Brasil a caminho da ditadura -  Vai ser mesmo inevitável ter Bolsonaro eleito Presidente do Brasil.  Para que os democratas, os do PT e dos outros Partidos brasileiros, mas também os portugueses e europeus, aprendam como  a corrupção, o compadrio, a ganância, a falta de escrúpulos, arrumam com a democracia e trazem de volta as piores demonstrações das direitas radicais, ditaduras fascistas seja lá com que designação se apresentem, de que os países acabarão por sofrer as consequências. A estes dias da eleição só um milagre da Senhora da Aparecida poderia inverter o desastre eleitoral brasileiro!!






terça-feira, 9 de outubro de 2018

Europa, Ocidente, Civilização, Cultura, 

   Vou meter-me em maus lençóis com esta temática, e não quero sequer tomar partido por qualquer lado da substancial contenda que a envolve. Mas como penso pela minha cabeça, embora com suporte em tudo quanto posso saber, lendo e ouvindo os Mestres dos diversos saberes envolvidos, vou discernindo um pouco sobre a temática...
    Uma entrevista do jornal Publico ao antigo  chanceler austríaco Wolfgang Schussel,  trouxe-me algumas reflexões, quando ele diz que "A Europa é o que resta do Ocidente". 
     Eu acho que o Ocidente foi sempre uma criação da Europa. A própria ideia geográfica do Mundo, plasmada nos mapas  ou  cartas planetárias e difundidas por todo o Globo, foi sempre concebida a partir de Europa e do Atlântico no centro da cartografia, o Oriente para leste, o Ocidente para oeste.
   A civilização representa o grau de organização de determinada comunidade ou grupos de comunidades próximas, com base na religião e nas leis que directa ou indirectamente advêm da concepção religiosa, e que dão forma a comportamentos sociais determinados. A civilização tem também a ver com o desenvolvimento de tecnologias e regras de aplicação do que é concebido pelas sociedades. 
       Os pigmeus não deixam de ser uma civilização  vivendo na floresta africana, sem telemóvel nem computadores ( talvez já tenha alguns...) mas têm a sua organização e a sua tecnologia.
     A cultura  advém da capacidade de um dado grupo humano reagir ao meio que o envolve, de criar formas  de representar as suas ideias, através de construções civis ou sagradas, de musica, de artes diversas, de criar idiomas e de os difundir por via escrita ou oral.
    Estes conceitos são discutíveis e cada um pensa o que lhe parece mais acertado. Muitas vezes misturam-se os dois.
Por exemplo eu penso que mais que falar em choque de civilizações devemos falar em choque de culturas.
  Nós falamos na civilização  egípcia, persa, suméria, etc. que correspondem a determinados estádios de organização e desenvolvimento das sociedades naquelas Geografias e naqueles Tempos ; falamos em civilizações ocidentais e orientais, mas aqui já estamos a misturar as culturas  desse dois horizontes.
   Hoje em dia  a maioria das sociedades tem acesso a praticamente  todas as ferramentas civilizacionais, mesmo quando as culturas das comunidades são profundamente diferentes. 
    As sociedades muçulmanas têm acesso a todos os meios de civilização de que dispõe a Humanidade  seja ela cristã, hindu, budista ou qualquer outra, mas as suas concepções culturais são radicalmente diferentes. Quando se confrontam, não estamos perante confrontos de civilizações, pois todas têm acesso maior ou menor ao mesmo arsenal civilizacional, mas sim confrontos de culturas
     Eu acredito na Europa;  quer queiramos quer não, foi deste Continente e dos povos que aqui habitam  que saíram ensinamentos, regras, concepções, modelos, que um pouco por todo o mundo foram sendo aplicados -  melhor ou pior, claro.
      Foi o clima, foram as condições de meio, foi a geografia, foi a riqueza de recursos, foi tudo isso certamente - porque "raça" não foi, o ADN é o mesmo, os genes são comuns, a origem foi a mesma naquelas áridos planaltos centro africanos onde tudo começou para o Homo...
        Da Europa saíram os conhecimentos gregos e romanos ( a bacia mediterrânica, alfobre da Humanidade...) que se expandiram pelo território continental, saiu a Renascimento que iluminou o  Mundo antes de o Iluminismo ter apurado esse  farol, a Revolução Francesa que fundou o Estado Moderno, mau grado atrocidades e desvios que ocasionou... Onde ela não chegou, como na Rússia, tivemos o Csar com o seu regime medieval até ao século XX!!
     Da Europa saiu aquilo que hoje são os EUA, desde que  um general francês, portador das ideias da liberdade, ajudou os americanos a desenvencilhar-se da Coroa britânica - e deram forma ao Ocidente.
    Foi na Europa que nasceu a Democracia que todos os povos procuram, melhor ou pior, introduzir nas suas sociedades.
    Por todo o mundo, mesmo dentro daqueles povos e culturas que têm notável antiguidade e sabedoria, a modernidade chegou-lhes da Europa. Dos milénios da China e da sua notável sabedoria o que ficou para o Mundo? Umas migalhas, que eu admiro e cultivo como a medicina alternativa que, vinda  de lá, ganhou forma ocidental; da Índia e da sua milenar cosmogonia o que ficou para o Mundo, alem de uns pequenos pormenores que são importantes mas não fundamentais? Mas todos esses povos, comunidades, religiões, não produziram Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo, Bach, Mozart, Beethoven, Picasso, Einstein ...-  porém todos eles usam os frutos desta  pujança intelectual. Alguém aguenta ouvir durante muito tempo as lengalengas islâmicas ou os acordes repetitivos da musica oriental? Não se lhes retira valor e importância, mas não são universais!
    A Europa está em crise, crise de velhice  e de perda generalizada dos valores que são a raiz da Europeidade; populismos de esquerda e de direita, egoísmos, xenofobia, corrupção, libertinagem dos mercados liberais, concupiscência, ganância, clientelismos... Mas temos que esperar pelo reverso, pela renovação  da consciência dos povos europeus que arquivam sabedorias de liberdade, fraternidade e igualdade. É preciso resistir, é preciso que cada um cerre fileiras com o parceiro do lado na defesa da casa comum.
A Europa vai ultrapassar estes Orban, Salvini e quejandos seguidores de Trumps ou de Maduros ou de Bolsonaros. Sãos todos políticos de pacotilha que só aguentam enquanto os povos não derem o safanão de limpeza...
   
            
     

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

A frágil Democracia

     O crescimento exponencial de regimes de extrema direita, um pouco por todo o mundo, deve ser - tem que ser - motivo de reflexão para todos os que sentem que a democracia é o regime onde cabem todos, até aqueles que são contra ela.
      Mas é preciso começar por aceitar isto :  são os próprios  políticos dos regimes democráticos que, pelo comportamento de muitos deles, estão na base desta contestação que cada vez é mais generalizada.
        O que está a suceder agora no Brasil é o ultimo e grave exemplo  de como a falta de ética e de idoneidade dos democratas  quer de direita, quer sobretudo de esquerda, empurra as pessoas a escolherem alguém que fala em ordem, paz,  segurança, fim da corrupção e outras acusações que mancham, sem apelo nem agravo, a democracia brasileira.
         Dizer que "ele rouba mas faz alguma coisa"  é insuportável em democracia, pois se em regimes de ditadura também se rouba e a maior parte das vezes não se sabe, em democracia é uma afronta indesculpável.
          Cá pelo nosso país também se ouve dizer,  sobretudo entre gente nova que não conheceu o antigo regime, que esta pouca vergonha de todas as semanas se conhecerem novos casos de corrupção,de compadrio e de falta de vergonha é fruto de uma democracia que não funciona.  Mas quem viveu no Estado Novo recorda-se da violência, do obscurantismo,  do compadrio e corrupção entre os  grandes do regime, que se sabia que existia mas era drasticamente abafado pelo sistema de controle então vigente.  Mas que mesmo na nossa democracia os políticos continuam a dar os piores exemplos, isso é verdade - só que se vai podendo saber.
  Esta coisa de nos Governos estarem Ministros, esposas do ministros, familiares de vários graus de parentesco, mesmo que não seja ilegal...não é eticamente aceitável. Parece que fora do ambiente e das relações de família não há outras pessoas capazes de ocuparem aqueles lugares.
Estas cenas e as constantes acusações de corrupção em todos os sectores da vida publica, são o cancro da democracia.
O que a esquerda fez no Brasil, apesar do esforço de ter tirado milhões de pessoas da miséria, é a prova que mesmo muitas dessas pessoas, ao chegarem a um estatuto de mais conforto, querem ter no Governo quem dê pelo menos a intenção de não deixar roubar. É uma vergonha.

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

A espuma dos dias
1- Morreu e não deu por isso...
Cavaco Silva voltou a sair da cave onde anda escondido  com a sua tacanhez de espírito, agora a propósito da não recondução no cargo da actual Procuradora Geral da Republica,(PGR), e com alfinetadas directas para o actual Presidente da República.
Alem de ser nitidamente inconveniente tomar posição deselegante face ao seu sucessor, e que era absolutamente desnecessário se ele tivesse noção do que é sentido de Estado,  ainda veio tomar parte pela direita reaccionária  em defesa de um acto que não devia ter sido politizado.
Um Procurador Geral da República será tanto mais independente no desempenho do seu cargo quanto souber que só exerce um mandato longo, e por isso não toma posições que favoreçam uma recondução a qual, se não é inconstitucional, também não é da tradição no cargo. Aliás ele reconduziu Pinto Monteiro e foi a única vez em que tal aconteceu entre PGR, e não se pode dizer que a escolha tenha sido uma maravilha ...
Cavaco Silva está morto mas ainda ninguém lho disse, pelos vistos, e com a sua habitual  tacanhez, espírito de  révanche, esgares  e olhares de múmia,  quer continuar a dizer que anda por aí...
Espantamos-nos que os norte americanos tenham eleito um sujeito como Trump, mas nós, portugueses, escolhemos Cavaco Silva por duas vezes. Claro que é bom recordar : os ódios de estimação de Mário Soares ( já cá não está para contestar mas não deixamos de dizer verdades só para não beliscar a sua memória) foi quem deu a vitória a Cavaco. O que é que deu a  Mário Soares, com aquela idade e tendo já feito os seus dois mandatos como Presidente, para  ir atravessar-se entre Cavaco e Manuel Alegre ? É evidente que se ele  não tivesse aparecido, Manuel Alegre tinha todas as possibilidades de ir a uma 2ª volta, e aí ganhava, porque a maioria da esquerda juntava-se para derrotar aquela múmia. E nas segundas eleições foi a mesma coisa, Quando uma boa parte das pessoas, mesmo de direita, e sem o dizer claramente mas dava sinais de estar farta daquele fantasma ambulante, os "soaristas" atravessaram à frente de Manuel Alegre o pateta daquele médico, boa pessoa mas a quem encheram o ego com promessas,  Claro que Cavaco e os cavaquistas ( que os há, por muito que isso nos pasme!)  não são  capazes de ver as coisas assim , ele ganhou por mérito!!,  E continua por aí a mandar estas aleivosias !1

2 - Passos Coelho, não está morto... apenas desmaiado e acorda de vez em quando. Lá apareceu com um artigo onde ? Ora, onde é que havia de ser - no Observador, esse resguardo para os liberais desesperados por não terem um partido (ainda vão ter, é preciso paciência). E, claro, lá vem a contestar a não recondução da PGR - afinal quem é que politiza o cargo e a função, é a esquerda que nunca disse sim nem não e se limitou a cumprir a regra do mandato único, ou a direita que se mordeu toda por mais este desaire? A Senhora PGR nem terá culpa, ela procedeu sempre dentro da correcção do seu cargo e nunca deu sinal público de que quisesse ser reconduzida. mas os liberais, ah!, esses ficaram desarmados, até porque Marcelo Rebelo de Sousa, que anda é da "esquerda da direita" como já afirmou,  tomou sem hesitações a decisão da não recondução.



segunda-feira, 17 de setembro de 2018

1 - A tragédia da Síria já tem fim à vista

A guerra na Síria é a maior vergonha que o Ocidente conhece desde o holocausto nazi, do qual só se afasta pelas "técnicas" aplicadas mas não pelo resultados macabros. Porque é ao Ocidente, em especial à Europa, que se deve apontar a principal culpa pelo desenrolar daquela guerra.
Está quase a terminar o último assalto à zona que ainda resiste aos exércitos e forças conjuntas do ditador sírio, da Rússia, do  Irão . Não é que os bandidos da Al Qaeda e outros que se escondem na última região rebelde, sejam dignos de qualquer  misericórdia, mas há mais de 3 milhões de habitantes e refugiados que serão as principais vítimas. Os dois países que apoiam o ditador sírio, não são capazes de outra atitude que não seja o ataque total à região? Que tipo de gente é esta ?
E está o mundo inteiro à espera, sabe-se o que vai acontecer, sabe-se como vão morrer milhares de inocentes e só se espera que comece!! Veremos depois as parangonas da comunicação social e as lágrimas de crocodilo dos políticos e Chefes de Estado, a que já nos habituámos. Vergonha das vergonhas !

2- Mais fome no mundo 

Um relatório da ONU anuncia  que pelo terceiro ano consecutivo vai aumentar o numero de pessoas que passa fome no mundo. A caminho de quase 1 bilião de pessoas, esta notícia teve umas pequenas colunas em alguns jornais, mas ficou por aí. 
As causas apontadas são as alterações climáticas com o aumento de secas prolongadas e cheias catastróficas, e as guerras e revoltas que se instalam sobretudo em África e na América do Sul. Segundo as estimativas uma em cada nove pessoas sofre de fome, e a par da extrema magreza existe uma crescente obesidade, pois a comida de qualidade é cara e as pessoas de menores rendimentos ou sem rendimento algum recorrem a tudo o que podem comer e lhes dê a sensação de barriga cheia.
Este é o maravilhoso mundo novo das tecnologias de ponta e dos avanços, nunca antes alcançados, dos conhecimentos sobre a nutrição, a saúde, a economia social, etc. 

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

25 anos de um acordo de paz falhado

     Passam hoje 25 anos sobre o acordo de paz tentado entre Israel e a Palestina, e que falhou estrondosamente. Já  a designação de Israel e Palestina é  falsa, porque toda aquela região é Palestina.
     Podem chamar-me de anti-semita, se isso quiser dizer anti judeu, o que também não é verdade.  Sou tão anti judeu como anti muçulmano ou anti cristão, e quando me julgava bem próximo do budismo,  o comportamento intolerável dos budistas da Birmânia face aos muçulmanos royinga, levam-me a estar cada vez mais perto daquilo que alguém um dia disse : as religiões são o  ópio dos povos.
   Há judeus a viver na Palestina desde sempre, como os havia em quase todos os países muçulmanos e ainda existem uns milhares no Irão, chamados  pelos ancestrais reis persas como artesãos de cobre e de peles.
    Em Israel hoje 80% ou mais dos habitantes são emigrantes de todo o mundo, que ali acudiram quando a Sociedade das Nações, sob o domínio então da Grã-Bretanha ( no tempo que já lá vai em que esta ainda dominava muita coisa!...) e dos EUA, onde residiam os principais magnates da finança internacional. E a eles se deve a pressão para a criação de um Estado judeu.
      Se fosse hoje, com a força do mundo islâmico, esta situação não seria possível; na altura os povos árabes eram colónias ou protectorados ( que vinha dar ao mesmo) dos países ocidentais em especial dos britânicos e franceses.
      Imagine-se a violência que terá sido expulsar para cima de 400.000 habitantes da Palestina, forçando-os a abandonar casas, terras. negócios, tudo o que era a sua vida, e fechando-os em colonatos na sua própria terra !!
    Eu já tenho lançado esta imagem de que, tendo os muçulmanos estado alguns séculos  no Algarve ( e na Andaluzia, ainda mais tempo), suponhamos que  obtinham da ONU a ordem para voltarem a essas terras e chegavam aqui , expulsavam os algarvios para uns aldeamentos aí pela serra, e ocupavam  tudo o que era dos locais.
     Mas podem responder, ah!, mas não é a mesma coisa , o judaísmo nasceu na  Palestina, só ali é que eles criaram a sua religião e para eles é a terra sagrada.
Mas historicamente os judeus saíram de lá, porque se sentiam inseguros e eram responsabilizados pelos cristãos pelas atrocidades cometidas contra o Cristo; mas os que não puderam ou quiseram  sair ficaram, até agora e como disse, conviveram pacificamente com os muçulmanos durante 2000 anos.
     A criação do Estado de Israel naquelas condições foi um abuso inqualificável; e ainda por cima em vez de aceitarem a convivência harmoniosa com os residentes que de lá nunca saíram, trouxeram com eles o ódio de que se queixam - e com enorme razão -  que sofreram ao longo dos tempos e que culminou na atrocidade nazi. Mas os israelitas agora em relação aos palestinianos pouca diferença fazem dos nazis. e continuam a expandir-se, a roubar terras, ajudados pelo dinheiro internacional e pela estupidez e irracionalidade política dum Trump e outros que tais.
Nem sequer foram humildes e capazes de aceitar e cumprir o acordo que há 25 anos podia ter trazido a paz à região. Também há culpas do lado palestiniano ? Há concerteza, o extremismo judaico apenas fomenta o fundamentalismo muçulmano, e continuará a residir ali um  dos mais graves focos de incerteza e de guerra potencial no Mundo.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Demitiu-se o Ministro do Ambiente

Demitiu-se o Ministro do Ambiente *, por considerar que devia ser honesto consigo próprio e deixar de mentir ao País, denunciando que as medidas fundamentais para manter uma política ambiental eficaz estão todas por assumir pelo Governo. Considerado um dos ministros-chave do Executivo, pelo seu conhecido posicionamento em defesa das grandes questões ambientais,  a sua demissão é considerada um desaire para o Governo , que atravessa um mau momento político, e vai desencadear diversas reacções da parte dos cidadãos mais envolvidos e das associações ambientalistas.
* Ocorreu em França

terça-feira, 28 de agosto de 2018


Alternativa algarvia


A amenidade do clima, a afabilidade das pessoas e a beleza das paisagens , fazem de Portugal um país de grande vocação turística, ao que pensamos uma das suas maiores potencialidades económicas. Complementando isto, temos uma boa culinária sempre agradável a quem viaja.
Falado grosso modo no potencial atrativo, e  recem regressado  de uma curta visita estival ao Algarve, a esta região regresso depois de na década de 70 ter explanado alguns destes temas no Jornal do Algarve uma vez que não é muito possível  libertar-me do que é para mim, a obsessão do Ordenamento do Território(OT) como forma de retribuir  a  este belo país, o privilégio de nele viver.
É agora tempo de distinguir as 3 grandes regiões algarvias, dizendo que fazendo um “perfil” do litoral para o interior do Algarve, temos: o Litoral; o Barrocal ; e a Serra.
A economia ligada à água dá o mote para uma reflexão com cerca de 40 anos, mas que no meu entender merece ser retomada.
O complexo xisto-grauváquico do paleozoico serrano é impermeável, porem a certa altura ele encontra o calcário permeável do mesozoico por onde a água se escoa em profundidade. Acontece que toda a água será, cada vez, mais imprescindível à economia do Algarve, onde no meu entender, especialmente tendo em atenção o futuro deficit de água, deveria fazer-se desde já na serra, antes do contacto com o barrocal, uma sequência de pequenas barragens de pedra capazes de suplementar as necessidades a jusante.
 E então, refiro que em alguns vales imediatamente acima, podem-se criar ecótipos húmidos com a vegetação própria de tais locais.
Tais “conchas frescas” dariam pretexto para a criação de residenciais , que especialmente criassem para a “terceira idade” locais  aprazíveis  de permanência. Tais locais seriam pontos de partida para passeios ”traking”, ou percursos a cavalo ou burricadas; caso se conseguisse solo suficiente podia-se fazer ”relvados na concha “ acima da toalha-de-água, bem como estadias para alternar com percursos de passeio.
Para satisfazer tais ideias  teremos que utilizar terra arável do barrocal próximo.
Acho que um aproveitamento deste tipo podia  ser interessante às famílias pois que os elementos mais idosos,( ou quem o quisesse) podiam ter uma alternativa ao reboliço da costa, um turismo mais calmo.

J.Reis Gomes. arqtº paisagista

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

O blogue tem estado de férias, mas agora vou guardar aqui alguns dos documentos de tomadas de posição que assumi desde 2016 sobre a questão florestal , as áreas protegidas e o INCF

Assunto:Incêndios Florestais de 1980 a 2012


  Ninguém quer assumir o que para mim é a principal  causa da proliferação em incêndios das matas e a causa do desleixo em que caiu o tratamento das matas que, como diz muito bem, não são florestas : foi o desmantelamento dos Serviços Florestais que há mais de um século tinham a preocupação de vigiar as matas. Embora o tratamento das matas privadas deva recair sobre os proprietários, é ao Estado que compete vigiar e orientar esse tratamento.  Não sei se existe algum outro país na Europa e no mundo, em que tenha deixado de existir um corpo de guardas florestais, aqui agora integrados na GNR- quando as funções desta nada têm a ver com a política florestal; a rede de casas florestais espalhadas pelas serras eram os postos avançados de vigia  das imensas áreas cobertas de arvoredo e matagal, sendo que este é tão importante sob o ponto de vista ecológico e de equilíbrio para a Biosfera como o arvoredo - seja o arvoredo natural ( as florestas) seja o arvoredo exótico plantado, as matas.
  Eu fui Administrador Florestal e sei por experiência própria a importância dessas casas florestais - bastava aparecer no horizonte uma coluna de fumo os serviços eram logo avisados pelos guardas e em pouco tempo o incêndio era controlado a tempo. Não se acudia a todos os fogos, alguns seriam difíceis de controlar, mas muitos deles atacados logo de início, perdiam importância, e não se estava no terror em que hoje se vive todos os anos.
  Esta ideia de menos Estado para melhor Estado foi um subterfúgio para deixar de ter encargos directos dos Serviços, para depois dar lugar a negócios lucrativos de empresas privadas que fazem do combate aos incêndios um negócio lucrativo. Não quer isto dizer que a rede de guardas florestais fosse a panaceia para tudo, mas eram esses guardas e os velhos e sábios Mestres florestais que percorriam as serras e instavam os proprietários a limpá-las.
  Passa-se o mesmo com os guarda-rios, que também foram extintos, para poupar dinheiro aos serviços de hidráulica, outra asneira de enormes e graves consequências : nunca mais ninguém vigia a limpeza das ribeiras ( entregue de tempos a tempos a empresas privadas, claro) : eram eles que pressionavam os proprietários ribeirinhos a limpar os troços de margens das suas propriedades, o que nunca mais foi feito, e eram eles que com pequenas equipas, ao longo do ano,  limpavam leitos e reparavam estragos nos muros e açudes. Muitas cheias de hoje resultam do estado de abandono em que cairam as linhas de água, de norte a sul do País.
  Outra classe de funcionários que desapareceu foi a dos cantoneiros de estrada; eram eles que com pequenas equipas mantinham as bermas e taludes das estradas limpas, sendo que é das beiras das estradas que rompem muitos fogos ou se espalham com  maior facilidade. Também dá interesse a empresas privadas serem encarregadas de fazer essa limpeza, esporadicamente e sem a eficiência que era apanágio dos cantoneiros, que até rivalizavam uns com os outros para mostrar quem tinha os lanços de estrada mais bem preparados.
  Quer dizer, as tres profissões que efectivamente TRABALHAVAM e eram fundamentais para garantir o bom funcionamento do território, foram extintas : os guardas florestais, os guarda-rios e os cantoneiros de estrada. Há anos que escrevo e digo isto, e devíamos interpelar os Ministros da Agricultura e os seus Chefes de Governo que decidiram esta situação - ninguém neste País é responsabilizado pelas asneiras publicas que praticadas.

GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS
                                  - uma política publica        

Os recursos naturais são finitos, vulneráveis    e decisivos para a nossa sobrevivência, com especial realce para o coberto vegetal que através da fotossíntese nos fixa o CO2 e recicla  o oxigénio ,  a água sem a qual não há vida na Terra e as paisagens que são fundamentais para as nossas idiossincrasias de  povo que habita há muitos séculos este território.
  Sobretudo num país onde esses recursos não abundam, que é o nosso caso, a sua gestão deve pertencer inelutavelmente ao colectivo da população, quer dizer, á administração pública , e não à actividade privada que mesmo nos casos em que pode gerir o interesse público ( e há sectores onde é possível encarar essa gestão total ou parcialmente), não dispensa  o legitimo  lucro pois é a sua razão de existência. Verdades “ lapalicianas”…
Voltando mais uma vez “à vaca fria”, a área florestal é uma zona crucial para o equilíbrio ecológico do território e desde que no século XIX o Estado moderno  se consolidou em Portugal que funcionaram Serviços Florestais  (SF) que cobriam as áreas florestais com uma malha de casas de guardas florestais e postos de vigia e assim desempenhavam todo o ano, ao longo do ano, as tarefas fundamentais de vigilância, controle das limpezas e dos abates de arvoredo.  Com essa  actividade pública se procurava também defender o país de grandes incêndios florestais que são, como se sabe, uma ocorrência característica dos climas mediterrânicos – e em Portugal fruto do desleixo a que foi votado o território.
A extinção dos SF, e dos guardas florestais,  deixando as áreas de matas e de mato ao abandono desde há vários anos, devia ser considerada um crime publico e os responsáveis por essas políticas deveriam ter sido chamados a responder  perante o povo , perante o país. Tudo se precipitou com o  último Governo  PSD/CDS onde a Ministra Assumção Cristas  foi a responsável, com o inexplicável silêncio do PSD; ainda há pouco tempo o deputado Ascenso Simões escreveu neste Jornal um libelo acusatório  sobre a política  que aquela Ministra tomou ou deixou de tomar e,  segundo creio,  não houve nenhum desmentido…
Nas medidas de reversão que o actual Governo tem feito quanto a políticas do anterior Executivo, por acaso – deve ser  por mero acaso -  não houve reversões no que se refere ao essencial das políticas de Agricultura e Florestas e de Ambiente. Por acaso também, o desgaste dos SF começou com Governos do PS.
Podíamos suspeitar – a suspeita é sempre possível – de que interessa que existam incêndios florestais de grandes proporções para justificar o negócio de muitos milhões de euros todos os anos, em que se transformou o uso dos meios aéreos privados para combater os grandes  incêndios catastróficos. Vade retro
Uma Autoridade  Florestal Nacional, concebida em termos actuais daquilo que devem e podem ser uns SF, devia ser uma prioridade para qualquer política publica de gestão efectiva – e séria – dos recursos naturais.
A gestão dos recursos hídricos devia depender, como já acontecia até a Ministra Assunção Cristas fazer a “sua” reforma, das administrações das bacias hidrográficas ou se quiserem,  das regiões hidrográficas .
Porque  é que este Governo, através do seu Ministério do Ambiente, ainda não procedeu à reversão desta política é também uma questão que dá para pensar ; pessoas insuspeitas como Luisa Schmidt tem  falado nisso ou há poucos dias  Rui Godinho o declarava nas colunas deste mesmo Jornal e defendia a criação de uma Autoridade Nacional da Água .  Com a extinção das ARH e a sua centralização na APA também foram extintos os guardas-rios, considerados dispensáveis – basta olharmos para a situação deplorável da maior parte das ribeiras do nosso interior para ver que eram dispensáveis…
Mas por exemplo, privatizar as águas do Algarve foi um tentação   a que se opuseram todas as Autarquias da Região. Cá estava uma proposta de “boa gestão”…
Entretanto tinhamos o ICN que consubstanciava a aplicação da Conservação, como política independente e transversal a todas as actividades económicas sectoriais ( florestas incluídas) e pilar fundamental da Política de Ambiente desde há décadas, mas desde o tempo de Assunção Cristas que se constituiu o caótico e disfuncional ICNF, transferido para o Ministério da Agricultura embora no do Ambiente actual  exista uma Secretaria de Estado dedicada à…Conservação da Natureza. Paisagens e Natureza.  e as Áreas Protegidas que deviam olhar por estes recursos naturais  estão então geridas ás três pancadas,  num caos completo, tal como as florestas…
Tantos encómios quanto a um Governo de esquerda apoiado pelas esquerdas, incluindo um Partido Verde, para isto !...

Fernando Santos Pessoa  11-06-018
arqº paisagista


RENOVAÇÃO DA POLÍTICA FLORESTAL   ?

Tudo o que se escreve aqui já foi dito inúmeras vezes, mas nunca é demais repetir quando parece que se renova a esperança!
De acordo com uma recente  reportagem do “Público” há esperança numa renovação da política florestal, de acordo com declarações do novo Secretário de Estado das Florestas. Primeiro os guardas florestais voltarão ao Ministério da Agricultura, o que pressupõe naturalmente que volte a ser criada uma autoridade florestal nacional que desapareceu com a extinção dos Serviços Florestais, medida que deve ser considerada criminosa e devia responsabilizar quem a executou.  Pode inferir-se  de declarações por ele feitas ; “Os guardas e os sapadores serão, em muitos territórios, as únicas pessoas que lá estão”
No nosso país, esta democracia que demorou tantas décadas a ser implantada e que devia estar consolidada, continua coxa, e assim continuará enquanto os políticos que governam não forem responsabilizados pelos suas medidas  e políticas lesivas do bem estar colectivo.
Precisa-se de medidas práticas mas menos retórica e menos teorias complicadas  como  têm surgido em catadupas desde que voltou a falar-se desta problemática.
Para os guardas estarem no terreno uma primeira medida prática e que não precisa de novos diplomas legais, será a definição duma nova quadrícula de casas e postos florestais. As novas tecnologias permitem que essa quadricula seja revista e certamente com menor expressão, e  para isso basta o estudo  consciencioso a fazer pelos técnicos florestais  e por académicos do sector que os há com grande sabedoria.
Os guardas florestais estão reduzidos a cerca de 300 e muitos já envelhecidos, mas não esqueceram o que sabiam da sua vida activa anterior ;uma segunda medida,  a formação de novos guardas florestais é uma obrigação  que não pode ser descurada, e essa formação deverá ser prática.  Os engenheiros silvicultores e outros académicos  e  em especial os ex-administradores florestais , mesmo que estejam  reformados podem e devem  ser chamados  e certamente muitos não se recusarão a voltar a participar nesta obra patriótica de recriar um  novo Corpo de Guardas Florestais,  não com teorias dadas numa sala de aula mas com  ensinamentos ministrados nas serras , no meio da “silva” que deverá ser vigiada e ordenada . É uma tarefa patriótica !
Uma terceira medida : solicitar às universidades que têm cursos florestais, que iniciem estudos das espécies autóctones mais adequadas para cada situação edafoclimática, que possam ser a pouco e pouco instaladas como contraponto aos pinhais e eucaliptais, aos quais servirão de faixas corta-fogo e produtoras de madeira nobre.
É necessário aumentar as equipas de sapadores florestais, que não trabalham apenas nos meses dos fogos, pois têm trabalho todo o ano na abertura e limpeza dos aceiros e arrifes que devem ordenar as áreas de mata e de mato.
Também as entidades de gestão florestal previstas,  que agreguem os ingeríveis minfundios, são outra medida fundamental e só  se percebe a posição do PCP por não estar bem explícito e assegurado que esse emparcelamento de pequenas terras não significará uma possível venda a grandes proprietários que as venham a adquirir mais tarde. A passagem sempre temporária de terras privadas para o domínio publico, é a forma de colocar ordem nas vastas áreas abandonadas e já no séc. XIII  o rei D. Fernando o proclamou com a Lei das Sesmarias.
Essas entidades de gestão florestal tal como a criação dum banco de terras, são medidas cruciais para se começar a reformar o tecido de matas e de matos, riqueza nacional, recurso fundamental para a integridade ecológica do território português.-
Para gerir toda esta complexa rede de intervenientes só uma autoridade nacional o pode fazer correctamente -  é difícil entender e aceitar uma noção destas ?
E seria lamentável, revelando apenas egoísmo politico partidário e engulhos ainda mal ultrapassados por alguns, que todos os Partidos , da esquerda à direita,  não se juntassem nesta possibilidade de reformar a gestão florestal . Há um triângulo equilátero  que tem no vértice superior a Protecção Civil, num dos vértices  inferiores os Bombeiros e no terceiro vértice a organização florestal que gere o território. É da coordenação destas tres Entidades que deverá resultar o futuro do pais em matéria de matas e de matos.
Com esta estrutura se for bem oleada, não restem duvidas que  diminui  a dimensão da maior parte dos fogos florestais e atinge-se seriamente  o negócio de milhões gastos com o uso privado dos meios de combate aos incêndios – e os  lobbies  desses negócios, infiltrados possivelmente entre os decisores ( alguns pelo menos) vão reagir e forçar as Autoridades a travarem as veleidades de tornar tendencialmente publico o combate aos fogos.
 Algumas fontes indicam que os aviões F 130 da Força Aérea, que estão parados muito tempo,  vêm preparados de fábrica para serem usados como aviões tanque para combater fogos florestais . mas nunca são usados pois lá se ia uma boa  parte do pagamento a privados. Os  Canadair serão sempre precisos mas em menor escala,,,, Se não é bem assim  que alguém venha esclarecer…
Certo é que com vigilância e limpeza das matas, e uma organização florestal nacional a gerir de novo  a politica florestal os incêndios seriam reduzidos substancialmente -. como sempre foram quando havia Serviços Florestais ,  e daqui não se pode fugir!!
Oxalá o Secretário de Estado das Florestas tenha as condições para poder agir como deve.
E que se ponha fim ao escândalo que é o caos actual do ICN e da gestão das Áreas Protegidas , hoje meras repartições do desconsolo e desmotivação de quem nelas trabalha por convicção !
Fernando Santos Pessoa
23-07-2017






04/07/016

Serviços Florestais e
Conservação da Natureza
Assuntos aparentemente menores, que não ocupam grandes espaços da comunicação social, seja escrita ou audiovisual, e por isso têm pouco impacte na opinião pública, podem porém ser   matérias da maior importância em termos de futuro, de longo prazo – aspectos de que as governanças portuguesas são pouco adeptas. O curto prazo  é muitas vezes mais importante que uma decisão sábia de longo termo.
A extinção dos Serviços Florestais levada a cabo pelo Governo PSD/CDS não levantou  qualquer reacção pública; o afastamento entre os cidadãos e a res publica,  desejado e promovido pelas derivas liberais daqueles partidos, conduziu ao encolher de ombros da maior parte das pessoas.
Os Serviços Florestais, no entanto,  eram um organismo que vinha desde o séc. XIX, e não há país nenhum no mundo, com uma grande área florestal, que não possua o seu Serviço Florestal, muitas vezes  até transformado em ícone  da Administração Publica.
Já antes , num governo “socialista”, tinha começado o desaire – a extinção do Corpo de Guardas Florestais, com a passagem do pessoal para a GNR. Foi uma medida gravosa que, tanto quanto me lembro,  passou ao lado  da opinião pública e ninguém com estatuto público relevante debateu o assunto.
Os guardas florestais e em especial os velhos Mestres Florestais, eram depositários de sabedoria e de bom senso que hoje em dia seriam tão preciosos; eles não eram meros polícias para serem pura e simplesmente incorporados na GNR – eram agentes da defesa e da protecção das matas, vigiavam o estado de limpeza, obrigavam os proprietários a procederem a limpezas, e por isso não deveriam receber ordens de qualquer tenente ou  sargento da GNR, sem desprimor para estes, é claro, mas precisavam de ser enquadrados pelos engenheiros florestais que com eles formavam uma cadeia de conhecimentos e de atitudes de intervenção no território.
Esta sabedoria dos velhos Mestres, perdeu-se  e mais uma vez devemos ser o único país do mundo com florestas que não tem um Corpo específico de Guardas Florestais,  e essa medida insere-se no pensamento liberal que desde o “socialismo liberal”  até hoje tem vindo a dominar a vida pública.
 Bastava que surgisse uma pequena coluna de fumo no horizonte e havia quase sempre um posto de guarda florestal que a avistava, o que permitia atacar os incêndios das matas e impedir que assumissem grandes dimensões. E hoje? Bem, parece que   esta prevenção dos incêndios causava grande transtorno aos lobbies dos negócios dos meios aéreos e outros  que movem muitos milhões de euros, e envolvem gente graúda. O Corpo de Guardas Florestais e a rede de postos florestais eram incompatíveis com a ”liberalização” do Estado – menos Estado melhor Estado, como se tem visto …
Não tenho dúvida  que era a mais eficaz e mais barata forma de prevenção dos fogos florestais, e só a falta de peso “lobbista” dos florestais possibilitou o seu fim-.
E então houve um génio da política, que já ficara conhecido por causa do queijo limiano, que chegou a Secretário de Estado daquilo que, presume-se… ele devia saber mais – florestas, natureza, etc…- e resolve retirar os Serviços Florestais do Ministério da Agricultura onde sempre esteve e com o beneplácito dos outros governantes, todos eles interessadíssimos nestas coisas,  enfiou-os no ICN, o organismo que sucedeu ao Serviço Nacional de Parques, Reservas e Património Paisagístico  que, desde a Revolução de Abril de 74 , incarnava a mudança de conceitos nas políticas portuguesas, fazendo da Conservação da Natureza não um simples ornamento de qualquer Ministério, mas antes um dos pilares fundamentais das políticas de Ambiente e de Ordenamento do território…
Com estas jogadas,  passou-se o encargo dos ordenados dos guardas florestais para o orçamento da GNR  e mataram-se dois coelhos com a mesma bengalada : por um lado facilitou-se o negócio do combate aos fogos florestais, sem a intromissão dos tais vigias que não deixavam que os fogos progredissem, por outro diluiu-se o poder de intervenção do ICN dando a impressão que até aumentava a sua importância. Instalou-se nele a confusão e ingovernabilidade, mas qualquer  funcionário que fale nisso …já não há PIDE mas há quem escute e informe os chefes, escolhidos a dedo como convém.
E este aspecto do ICN merece reflexão.
A Conservação da Natureza desde há décadas que deixou de ser encarada apenas como protecção da Natureza, ela é um processo , melhor  é uma política nacional  de gestão dos ecossistemas. E como política nacional, para ser eficaz, deve ser transversal a todos os sectores da economia que interferem directamente com o território e com as paisagens : agricultura, florestas, energia, rodovias, indústrias, etc. Todos os sectores da economia devem ter uma componente conservacionista, mas o organismo que tutela a Conservação tal como toda a política de Ambiente, deve ser independente dessas actividades sectoriais.
O que não deixa de ser estranho é que hoje as Áreas Protegidas que incluem parques naturais e reservas naturais algumas delas consideradas Reservas da Biosfera, estejam sem director próprio   - é  também uma especificidade portuguesa , instituída pelo Governo do PSD/CDS (estranho  PSD , onde já militaram algumas das personalidades mais marcantes da política de Ambiente, que hoje  parece que desistiu dessa vocação).
As APs não servem apenas para  proteger  o lobo, o lince, etc; elas deviam ser modelos de economia social e exemplo para o restante território.
Nestes domínios havia algumas decisões que  se esperava fossem tomadas pelo actual Governo PS, ainda por cima sustentado por partidos de esquerda,  incluindo Os Verdes : um, que fosse recriado o organismo que faz parte do património administrativo português - os Serviços Florestais, voltando a conceder-lhe a dignidade a que tem jus, voltando a pôr em campo o Corpo de Guardas Florestais, enquanto resta alguma memória do seu contributo patriótico; dois, que os Serviços Florestais voltem ao Ministério da Agricultura que já tem de novo a designação “e Florestas”, mas só o nome…; terceiro, que sejam redignificados o ICN e as Áreas Protegidas,  a quem o novo Ministro já disse que directores não é para já, como se isso fosse uma questão menor!
Eu sigo a comunicação social, mas pode ser falha minha, porém acho que a opinião publica, as ONGs ambientais, os especialistas, todos vivem mais ou menos calados sobre estas matérias que afectam o correcto ordenamento do território: o Jorge Paiva lá consegue de vez em quando que lhe editem um artigo no “Publico”, a Luisa Schmidt lá escreve umas  crónicas no Expresso, mas parece que por ser politicamente incorrecto, mais ninguém  aparece a defender estas causas. Ao que nós chegámos…
F Pessoa

Fernando Santos Pessoa  -  Monte   Gaia. Azinhal e Amendoeira - 8005-414 Faro
Ex-Administrador Florestal
Fundador e 1º Presidente do SNPRPP
Prof. Ass, UAlg Cv. Ap