terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Alterações climáticas, seca e fogos florestais

As alterações climáticas fazem-se sentir em todo o mundo, mas com mais gravidade em algumas latitudes - é o caso dos polos e da região mediterrânica.
Enquanto está lançada a discussão entre cientistas, sobretudo norte americanos, sobre a real influência das actividades humanas - se estamos apenas perante um ciclo natural da evolução da Terra ou se é a actividade humana que está a fazer aumentar a concentração de CO2, o certo é que a quantidade deste gás é a maior desde que há controle dos parâmetros climáticos.
O que se prevê é um acentuado regime de condições meteorológicas extremas, grandes tempestades com fortes chuvas e períodos de seca mais extensos 
A alteração dos regimes pluviométricos é, de resto, entre nós, cada vez mais evidente.
As previsões para a região mediterrânica continuam a apontar, como desde há uns vinte anos a esta parte, para um aumento da aridez, com grandes períodos de secas e temperaturas elevadas, e que promovem condições favoráveis aos  incêndios florestais.
O que é que a Humanidade  pode e deve  fazer ? Enquanto aguardamos que a Ciência venha a encontrar soluções que nos dêem ferramentas para enfrentarmos as alterações climáticas e a concentração de CO2 podemos, desde já e em cada dia que passa, educar os países, os povos  e os seus Governos para o uso crescente das energias renováveis, onde se salientam a eólica e a solar: e adoptarmos uma economia da água, nas múltiplas vertentes que ela deve assumir.
Em Portugal estamos a defrontarmos-nos com estas situações.
Temos incêndios cada vez maiores e enfrentamos um tempo de seca que, não querendo ser catastrofista mas realista, se não chover abundantemente durante os próximos 3 meses deste inverno, causará graves problemas de abastecimento de água nas grandes concentrações populacionais. 
Se as Autoridades tivessem ligado alguma coisa às previsões e avisos de cientistas portugueses e  estrangeiros, deveriam ter assumido medidas de prevenção há muitos meses atrás e não agora em cima da crise. Para isso precisávamos de ter um Ministério de Ambiente atento e convicto daquilo que teria de assumir e não apenas com palavras de  " que está tudo bem e tudo controlado..."
E quanto aos incêndios florestais, não basta o Primeiro Ministro vir dizer que a  reforma da floresta vai avançar já. Qual reforma? Oxalá eu esteja enganado porque não sou masoquista e não quero o pior para o meu país só para ter razão. Mas receio bem que  nada de definitivo venha a acontecer quanto às matas portuguesas com as ideias que o Ministro da Agricultura e Florestas "vendeu" ao Chefe do Governo e tenta vender a todos nós.
Resolver o problema da floresta  municipalizando a politica florestal e criando empresas publicas regionais é um experimentalismo  desnecessário e que só fará perder tempo - e a política florestal,  porque joga com espécies que levam dezenas de anos a erguer-se, não é compatível com essas experiências..
Empresas públicas regionais servem para arranjar  jobs para muitos boys - em cada uma o Presidente, Conselho de Administração,  e outros órgãos estatutários. Multipliquem isto por umas tantas empresas por esse país fora... Enquanto não for reconstruída uma Autoridade Florestal Nacional nada resultará  em definitivo  -  um organismo publico que  coordene toda a actividade florestal, desde a supervisão do reordenamento das espécies florestais  (com o apoio das Universidades), à  vigilância todo o ano, à limpeza e  manutenção dos povoamentos. Os sapadores florestais são necessários mas não substituem os guardas e vigilantes, pois estes são (deviam ser)  técnicos florestais numa cadeia hierárquica.
 A definição das áreas florestais nos PDMs e o envolvimento das Autarquias na gestão dessas áreas é fundamental - mas é preciso que exista uma Autoridade responsável que coordene as acções municipais e regionais. E isso só uma estrutura nacional como já existiu de Administrações Florestais , cada uma com a  sua quadrícula de postos e casas de guardas florestais, pode  responder aos interesses nacionais.
Continuamos todos à espera que alguém nos explique, com argumentos convincentes,  porque é que um Governo que se arroga de esquerda não reverte a medida errada da direita quando acabou com os Serviços Florestais - claro, porque a responsabilidade é repartida...
Já agora falta acabar com as licenciaturas de engenharia silvícola por não serem necessários mais engenheiros silvicultores ; os geógrafos, os sociólogos, os agrónomos e outros licenciados resolvem o problema florestal português!... Mais uma das inovações em que somos férteis.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Apontamento político

Fala-se muito de ética na política, mas os dois principais Partidos (PS  e PSD) daquilo a que se chama o arco da governação - mas o CDS também, basta lembrar para já o caso dos submarinos - são os responsáveis  pelo baixo nível dessa tão falada ética republicana.

1 - A promiscuidade existente entre os laços familiares e os lugares de topo na vida política são um dos emblemas do PS. Tem sido amplamente denunciado o rol de maridos, mulheres, filhos, enteados, e vários laços familiares que ocupam lugares no Governo ou nos Serviços e instituições do Estado.
Vem sempre a mesma resposta,: não é ilegal . Pois não será, mas é eticamente reprovável e transmite a ideia de que no PS, fora dos círculos familiares e de relações próximas, não há mais ninguém capaz de exercer tão bem, ou ainda melhor, os cargos atribuídos aos membros do clã privilegiado. É escandaloso,
Aplica-se aqui o velho dito romano : à mulher de César  não basta ser séria, tem também que parecer. 

2 - O escandaloso caso da Associação Raríssimas vem revelar mais uma vez quão difícil para muitas pessoas é manter o perfil de seriedade e dedicação à causa publica, a partir de um determinado grau de notoriedade adquirido no exercício do poder -. em todas as classes da sociedade. Já  não é só o dinheiro ( João de Deus já dizia dele que "é tão lindo o manganão...), mas também  a notoriedade social, o aparecer nas páginas das revistas cor-de-rosa e nas reportagens da TV .
E a população fica muito chocada sempre que surge um caso destes, embora muitos até possam dizer que a vida é dos espertos... Eu penso que a principal causa destes problemas é a falta de uma cidadania activa e responsável. Se a educação cívica tivesse sido desde, pelo menos, a implantação da democracia uma preocupação dos sucessivos Governos e dos Partidos políticos, poderíamos ter hoje um povo mais interveniente e zelador da causa pública.  
Em vez disso os Partidos, traindo a sua função principal como garantes da democracia, tornaram-se em escolas de clientelismo, sendo as Juventudes partidárias uma espécie de "madraças" onde se ensina como progredir na vida sem actividade profissional para além dos lugares de assessor,  adjunto, depois deputado e por aí fora.
Mas não deixa de ser curiosa a senha persecutória com que PSD e CDS se agarram a estes casos para denegrir o Governo , já que lhes faltam outros assuntos políticos como a evolução da economia e das contas publicas, que continuam a surpreender todas as instituições internacionais, O PSD até esquece que a Raríssimas teve o apoio e o acompanhamento de Maria Cavaco Silva que foi quem a lançou, por exemplo, na Coroa espanhola.... O melhor para o PSD  será não mexer muito mais no assunto...
Agora uma coisa é urgente : separar o trigo do joio, rever todos os esquemas das IPSS que são milhares em todo o País e verificar como se governam interna  e externamente...

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

REFLEXÕES  - 1

" Que cada um pense o que quiser e diga sempre o que pensa", foi o que Espinosa proclamou no séc.XVI e que causou problemas à sua própria sobrevivência.
Ainda hoje dizer o que se pensa continua a ser um exercício de coragem e há muita gente, mesmo aqui entre nós, que não o pode fazer.
A cidadania exerce-se pela liberdade de expressão, através da qual  cada um de nós pode  e deve participar  para a formação da opinião publica, a "vontade geral"  de que falava Rousseau.  Não quero entrar numa prosa de "intelectualite" citando filósofos uns atrás dos outros, mas parece-me que apoiar as ideias em quem, muito tempo atrás  e com autoridade, já o fez, ajuda a cimentar as nossas convicções.
E é inevitável ir buscar aos clássicos as origens  do desenvolvimento de ideias que parece que as  descobrimos agora, procurando também descodificar a linguagem rebuscada, porque tem de ser rigorosa, dos eruditos.
Entre nós, é este o meu sentimento,  existe muita informação mas pouca formação; a escola é parca a ministrar conhecimentos das humanidades e da cultura geral, em todos os níveis de ensino,   e por isso a grande maioria da opinião publica, mesmo entre os mais informados, é pouco formada; e esta falta de formação é,  penso eu, uma das grande falhas dos novos tempos de democracia. Quarenta anos depois de implantado o regime democrático seria de esperar  que tivéssemos uma população com um nível de cultura geral capaz de ombrear com a maioria dos países europeus mais avançados. 
Mas não temos.
As gerações que em 74 estavam nos escalões etários activos tinham sido vítimas  da mediocridade cultural e política do regime anterior, e só uma minoria estava em condições de praticar uma democracia consciente e eticamente válida. Isto é particularmente chocante porque os portugueses revelaram sempre ao longo dos séculos, excepcionais  capacidades  de captar conhecimentos e de os  difundir pelo mundo - faltaram nas décadas anteriores as elites dirigentes e culturais capazes de enquadrar e dinamizar a sociedade.
Para uma opinião pública  culturalmente formada significaria, em meu entender, que desde a escola primária se começassem a "formar" as personalidades na diversidade de cada um mas no confronto com as grandes questões  da cultura geral : ter acesso ás noções de civismo. de ética, de compreensão da complexidade ambiental, do sentido da liberdade responsável.
A cidadania responsável que eu tenho como objectivo de vida deve ser praticada no quotidiano, reflectindo sobre a origem e a evolução das virtudes do Homem : o amor pela liberdade, o exercício´ da democracia , a interiorização do conhecimento. Como  dizia Gandhi, viver cada dia como se fosse o último, mas estudar e aprender como se fosse o primeiro.
A democracia que eu gostava de viver está ainda muito longe de ser alcançada.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

CONDECORAÇÃO

No passado dia 1 de Dezembro o Presidente da República foi a casa de Gonçalo Ribeiro Telles entregar-lhe a Grâ-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

No passado mês de Abril escrevi uma carta ao Presidente da República informando-o de que o velho Mestre Gonçalo Ribeiro Telles iria comemorar 95 anos no dia 25 de Maio, pelo que em nome de um grupo de  amigos que usa juntar-se com ele todos os anos nessa data, pensava-se que este ano merecia uma comemoração com carácter nacional deixando isso ao critério do PR.

Depois de algumas peripécias e  a menos de uma hora para se iniciar, no dia 25 de Maio, a sessão de homenagem ao Velho Mestre e Grande Personalidade nacional que decorreu na Sociedade Histórica da Independência de Portugal (SHIP), em Lisboa, chegou uma mensagem por mail do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa que se encontrava de visita ao Luxemburgo, saudando o homenageado e a comunicar que lhe atribuía a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. o que foi saudado com uma grande ovação do publico presente no salão da SHIP.
Passaram-se os meses e sendo  a condição de saúde de Gonçalo Ribeiro Telles de alguma precariedade o que não é de estranhar pela sua provecta idade, eu mesmo movimentei influências para que a condecoração pudesse ser entregue  com o ilustre galardoado ainda na plena posse das suas faculdades,~
Finalmente foi prestada esta última e justíssima homenagem ao discreto Homem a quem Portugal tanto deve.
A propósito, por acaso nem  a mim nem a nenhum dos Amigos de Gonçalo Ribeiro Telles ninguém  informou da realização daquele acto....

sábado, 9 de dezembro de 2017

Ao correr da política e outras coisas ...

Motivos de saúde, viagens e mais viagens e outras ocorrências impediram a escrita deste blogue.
Por isso desta vez vão só  alguns apontamentos de coisas que se têm passado nestes tempos em que estive em silêncio.
1 - A Catalunha volta a ser notícia
Com o Presidente catalão e mais alguns colegas de Ministério refugiados na Bélgica e outros presos em Madrid , preparam-se as eleições  para 21 de Dezembro, daqui a pouco tempo portanto. E segundo as projecções os independentistas voltarão a ganhar e tudo volta ao mesmo. O sentido persecutório do governo castelhano não abrandará, porque se a Catalunha viesse  ( vier...) a ter êxito, ai do Pais Basco e, quem sabe, de outros povos peninsulares.Porque quer queiram ou não aceitar, trata-se de povos peninsulares que desde há séculos são oprimidos pelos castelhanos.
Voltarei a este assunto mais tarde.
2 ~- A eleição de Mário Centeno para Presidente do Eurogrupo  deixou desolados os políticos e comentadores da direita, e também os da esquerda por motivos diferentes. 
A Pitoniza dos domingos à noite da SIC, Marques Mendes, havia profetizado há uns meses atrás que se tratava de uma brincadeira, uma forma de o PS e o Governo se  autopromoverem. Vamos a ver nesta semana  o que dirá ( ou se desdirá ) o videirinho dos domingos, que parece querer alimentar a ideia que é uma espécie daquilo que foi  Marcelo Rebelo de Sousa ( da TVI) - só que lhe falta muita estaleca para lá chegar...
3 - O Governo e os tiros no pé
O Governo continua a dar tiros no pé, o que parece uma tendência imparável,
Um dos últimos e lamentáveis episódios foi  anúncio da transferência do Infarmed para o Porto, assim sem mais nem menos, como se pegasse  num objecto e o transportasse de um lado para o outro. Um Instituto de especialistas, de grande responsabilidade para a saúde publica, e os seus  mais de 400 funcionários estabelecidos e a viverem as suas vidas em Lisboa. sabem pela televisão que vão ser transferidos para o Porto. Pasme-se  com  a insensatez desta notícia , pois agora vão ser feitos estudos ( que deviam ter sido feitos antes...) sobre a forma como se poderá processar a mudança.

Sabendo-se que o equilíbrio do Governo e dos partidos da esquerda que o sustentam é precário ( mas não tão precário como a direita deseja . e que o diabo venha já ao virar da esquina...), ter  sido feito um acordo entre o PS e o BE sobre a indignidade , que o é, das rendas excessivas pagas às empresas de energias renováveis, para depois  vir o Governo recuar e desdizer esse acordo, é um colossal tiro no pé. Revela antes de tudo o mais uma total  falta de coordenação entre os negociadores socialistas e o próprio Governo que eles deviam representar. Mais um tiro no pé que ajuda a descredibilizar quem o pratica.
4 - O rio Tejo e o Ministério do Ambiente
A poluição do rio Tejo na zona da fronteira associada à falta  de caudal que a Espanha não deixa sair para Portugal, como em teoria é obrigada pelas leis internacionais, vem mais uma vez evidenciar a pouca relevância do Ministério do Ambiente. Eu mesmo passei em Vila Velha do Ródão em meados de Outubro ( antes dos incêndios do dia 15 desse mês) e verifiquei a poluição das águas a jusante da fábrica de celulose ; mas o Ministro do Ambiente diz que fez lá uma visita e não viu poluição nenhuma - é ceguinho, coitado, e a gente não sabia. E depois da "cimeira ambiental" com a Espanha, o Ministro vem dizer que está tudo regulado e ia ser reposta a normalidade. O que mais choca é a falta de convicções ambientais deste governante, que está naquele lugar para fazer currículo e  para não permitir. porque não é capaz e/ou porque os interesse instalados não deixam, que haja uma politica de Ambiente activa e interveniente, que moralize a vida nacional sob o ponto de  vista ecológico e ambiental. E as Autarquias agradecem...
O Ministro do Ambiente e o Ministro da Agricultura e Florestas são dois responsáveis pelo descalabro de assuntos e sectores fundamentais para o futuro de Portugal.
5 - O Código  Ortográfico - hoje a arquiteta
Algumas personalidades corajosas continuam a batalhar ingloriamente e em vão contra  a enormidade de ofensa ao património nacional mais precioso - a língua  - que.
 representa o Acordo Ortográfico em vigor
Hoje apenas refiro a arquiteta - Arqui quer dizer grande, muito grande, e teta é a glândula mamária das vacas e outras fêmeas de mamíferos. Portanto uma arquiteta é uma teta muito grande - ou será o mesmo que uma arquitecta como quer o fatídico Acordo??